“PORTUGAL E A PRESENÇA DE SEUS VINHOS NO BRASIL”

O Brasil é palco de uma invasão de vinhos portugueses neste mês de junho. Em Belo Horizonte houve um excelente evento marcado pela Prova de Vinhos de Portugal, realizado no dia 10 de junho no Hotel Mercure, seguida de uma mostra de vinhos de produtores que já exportam para o Brasil, e de produtores que buscam importadores.

Além deste encontro de vinhos na nossa capital, destaca-se os eventos realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo neste mesmo mês de junho.

A atualidade dos vinhos de Portugal destaca-se pela diversidade de regiões produtoras, com foco em brancos e rosés, além de vinhos menos alcoólicos, refletindo tendências globais e a busca do consumidor brasileiro por rótulos mais leves e fáceis de harmonizar.

O evento "Vinhos de Portugal" em São Paulo, por exemplo, apresenta mais de 650 rótulos de 80 produtores de todas as regiões, incluindo o Algarve, que pela primeira vez participa deste encontro.

A produção de vinhos em Portugal atingiu 6,9 Milhões de hectolitros, dos quais 47% são destinados para exportação, gerando 966 milhões de euros. Atualmente o país é 10º maior produtor de vinhos e o 9º maior exportador. As exportações de vinhos portugueses têm crescido, com destaque para o aumento de 9,62% nas importações para o Brasil entre 2023 e 2024. O Brasil é um dos focos de exportação dos vinhos de Portugal.

Portugal se destaca pelas mais de 250 castas autóctones, como a Touriga Nacional, que se adaptaram muito bem ao clima e solo do país e são consideradas entre as melhores uvas do mundo. E apesar de muitos críticos e jornalistas tentarem estabelecer a Touriga Nacional como uva emblemática da “Terrinha”, não se pode de forma alguma desvalorizar a diversidade de castas nacionais como a Alvarinho, Loureiro, Encruzado, Arinto e Síria entre tantas brancas e a Baga, Negra Mole, Tinta Barroca, Castelão, Baga, Trincadeira e Alfrocheiro entre as tintas. Os vinhos de lotes (blends) portugueses do Douro e do Alentejo estão entre os grandes exemplos que surpreendem os amantes da bebida de Baco, pelo seu equilíbrio e harmonia, muitas vezes criados com vinhas centenárias.

As vinhas são cultivadas numa enorme diversidade de solos e climas distribuídas por várias regiões, com algumas delas mostrando recente crescimento, como o Algarve, tradicionalmente conhecido pelas praias, e que está ganhando destaque na produção de vinhos, com crescente número de produtores e rótulos.

Há uma tendência mundial por brancos e rosés de alta qualidade, e Portugal tem acompanhado essa onda, com diversos produtores investindo nesse estilo, além de buscarem criar vinhos com menor teor alcoólico e mais fáceis de harmonizar com a gastronomia brasileira.

Há as regiões tradicionais como o Douro - famosa pelos Vinhos do Porto, também produz vinhos tintos, brancos e rosés de alta qualidade. O Alentejo - conhecida pela produção de vinhos tintos encorpados e com bom potencial de guarda. O Dão - região com vinhos elegantes e equilibrados, com destaque para a casta Encruzado e Touriga Nacional. A região do Minho com os Vinhos Verdes - frescos e jovens, com boa acidez e baixo teor alcoólico.  Já a Bairrada é a região com vinhos tintos marcantes e vinhos brancos de qualidade.

Portugal se destaca pelos vinhos únicos como o Vinho do Porto e da Ilha da Madeira, sem esquecer o Moscatel de Setúbal, região conhecida pelos vinhos generosos e moscatéis.

Durante a Prova de Vinhos de Portugal em Belo Horizonte houve uma Master Class, conduzida pelo competente sommelier Gustavo Giacchero, durante a qual foram provados os seguintes vinhos:

1-    Quinta do Ameal Loureiro 2023 – Vinho Verde, produzido na região de Lima, próxima ao Atlântico, mostrando cor amarela muito clara, aromas cítricos e paladar com acidez viva, refrescante. O floral aparece na taça ao final, com toque de flor de laranjeira.

2-    Quinta da Lapa Fernão Pirão 2022 - vinho da região do Tejo, no estilo “laranja”, com aromas fechados inicialmente. No paladar se mostra bem estruturado e com acidez vibrante. Um vinho muito persistente.

3-    Quinta do Boição Reserva 2021 - vinho da região de Lisboa mais especificamente em Bucelas, feito 100% com a uva Arinto, com destaque para o aroma de cítricos, de casca de laranja, com um paladar fresco, médio corpo e muita persistência. Um vinho muito gostoso de se beber.

4-    Arivat Negra Mole Rosé 2022 - feito com uva Negra Mole no Algarve (que começa a mostrar sua presença no cenário português e mundial), que mais parece um “claret”. No nariz tem um toque tostado, com algo de couro, terroso, de ervas, que continua no paladar, com uma nota de cerveja artesanal. Bem diferente de tudo que já provei. Arivat é Tavira escrito de trás para frente – Tavira é uma cidade portuguesa no distrito de Faro, região e sub-região do Algarve em Portugal, conhecida por seus vinhos suaves, aveludados, frutados e secos. A região de Tavira também se destaca pela produção de vinhos em várias adegas, e a Casa Santos Lima tem expandido suas operações na região, com planos de plantar mais 10 hectares de vinha. 

5-    Quinta de Leda Casa Ferreirinha 2021 - aqui temos um clássico da região do Douro, com fruta escura fresca (ameixa, amora), ainda se mostrando muito jovem (os taninos estão aparentes) e que mostra grande potencial de guarda. Passa 18 meses em barricas francesas. Em geral é blend de uvas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela e Tinta Barroca, provenientes de vinhas velhas com idades entre 80 e 100 anos na Quinta da Leda, localizada no Douro Superior.

6-    Crasto Reserva Vinhas Velhas 2021 - outro clássico do Douro, com perfil diferenciado do Ferreirinha, mostrando a diversidade de vinhos resultantes de uma mesma região como o Douro. A Quinta do Crasto tem 40 hectares de vinhas velhas, entre 70 e 90 anos de idade. São 42 parcelas, sendo as mais emblemáticas e conhecidas a Vinha da Ponte e a Vinha Maria Teresa, onde podemos encontrar dezenas de uvas diferentes. Cor de profundo rubi, mostra muita complexidade de aromas de frutas escuras silvestres. Em boca, tem volume que envolve todos os espaços e sentidos, com elegância, delicadeza e taninos aveludados. Equilibrado e fresco, um delicioso vinho que é muito persistente e mostra potencial de guarda. Já recebeu 95 pontos do Robert Parker.

7-    Osvaldo Amado Raríssimo 2011 – um vinho que mostra o grande potencial da uva Baga, rainha na região da Bairrada. Com cor rubi mostrando nuances acastanhadas, revelando a sua maturidade e complexidade. No nariz destaca-se pelas notas a especiarias, couro e tabaco se combinam harmoniosamente, e na boca, revela um sabor intenso e complexo, com taninos perfeitamente integrados, tornando-o macio, elegante e harmonioso. Osvaldo Amado, que é um grande amigo do Mundo do Vinho, faz vinhos há mais de 30 anos e, recentemente, decidiu reestruturar a sua vida e reunir condições para criar os seus próprios vinhos, num estilo até agora nunca antes comercializado. Vinhos de ateliê, sejam eles clássicos ou modernos, com a complexidade, elegância e longevidade característica nos vinhos do Dão e Bairrada, mas sempre diferenciados pela originalidade e pela raridade.

8-    Casa Ermelinda Moscatel Roxo Superior 2010 - vindo da Península de Setúbal, este vinho fortificado doce elaborado exclusivamente a partir de Moscatel Roxo de Setúbal, com estágio de 6 anos em meias pipas de carvalho francês. Complexo nos aromas, mostra notas florais, de ervas secas e de especiarias envolvendo sua fruta cítrica e de caroço madura e em compota, aparecendo o damasco, o figo ramy e o figo turco seco. Impressiona pela textura cremosa e pela acidez vibrante, que equilibram toda sua doçura e conferem fluidez ao vinho. Tem final longo, com toques de cascas de laranja, de avelã e de nozes. Um vinho para fechar com chaves de ouro a degustação.

Então, que tal provar um destes vinhos, especialmente se você não tiver ido na Mostra de Vinhos de Portugal. Não perca a próxima!!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não do artigo!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).