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“AFINAL, DECANTAR OU NÃO O SEU VINHO

  • Foto do escritor: Marcio Oliveira - Vinoticias
    Marcio Oliveira - Vinoticias
  • 16 de jun.
  • 4 min de leitura

Vira e mexe esta questão vem à tona. Decantar ou não! Eis a questão!

A decisão de decantar ou não um vinho depende de vários fatores, sendo que nem todos os vinhos necessitam deste processo. Geralmente, vinhos tintos mais maduros e/ou com passagem por madeira beneficiam-se da decantação, que ajuda a oxigená-los e a libertar os seus aromas. No entanto, vinhos que sejam jovens, brancos e rosés, não requerem decantação, sendo que a oxigenação pode até prejudicar a sua frescura e delicadeza.


A decantação é, sobretudo, uma questão de apreciação pessoal e do tipo de vinho. Se o vinho for mais antigo, com passagem por madeira ou com potencial de guarda, a decantação pode ser uma ótima forma de melhorar a experiência de degustação. Uma razão para decantar alguns tipos de vinho é separar os sedimentos que tenham se formado na garrafa, o que acaba estragando o paladar. Isso é comum em vinhos mais antigos e não é sinal de bebida estragada. É importante lembrar que a decantação nestes casos deve ser feita com cuidado e no momento ideal, para não perder as características do vinho.


Hoje em dia existem processos de filtração e clarificação muito eficientes na produção de vinhos, mas muitas vezes é possível encontrar sedimentos que se criaram no vinho ao longo do envelhecimento, ou mesmo pelos métodos de produção pode ser que você encontre sedimentos na garrafa, e isso não necessariamente será um defeito. Você pode não querer servir o vinho com esses sedimentos, o mais indicado é que se faça a decantação para que se sirva um vinho límpido e sem sedimentos.


Não é todo vinho que se beneficia com a decantação. Normalmente, vinhos com mais de dez anos desde a data de safra são os mais indicados. Também se beneficiam significativamente os vinhos tintos jovens com alta concentração de taninos, como Cabernet Sauvignon, Tannat, Syrah/Shiraz e Nebbiolo, que podem se apresentar inicialmente fechados e muito tânicos. Nestes casos, a exposição ao oxigênio durante a decantação pode torná-los mais macios e expressivos. Já vinhos jovens (de até três anos desde sua safra) e especialmente que não tenham passado por maturação em barricas não demandam tanta aeração antes de servir, o que pode comprometer o frescor e aromas frutados do vinho.


O tempo que os vinhos precisam ficar no decanter vai de 20 minutos até uma hora, na grande maioria dos casos. Tenho por regra que vinhos muito maduros ficam pouco tempo no decanter e os uso para separar as borras durante a operação de passagem do vinho da garrafa para o decanter. Por estar há muito tempo guardado, o tempo de exposição do vinho ao oxigênio deve ser o suficiente para dar mais complexidade de aromas e sabores.


A moderação na hora de decantar é importante. Perceba a evolução dos seus aromas, porque deixar um vinho por horas numa jarra ou decanter pode ser o fim dele, já que um vinho muito maduro pode ser mais frágil e, com a exposição exagerada ao ar, perder os sabores. Afinal, é preciso lembrar que contato em excesso com ar estraga a bebida.


A maior parte dos vinhos do mercado (alguns produtores estimam em 80% da produção) são feitos para serem consumidos jovens, e eles não necessitam do uso do decanter. Aliás, na falta de um decanter, uma jarra que comporte o volume de uma garrafa de vinho, deixando um espaço livre para o ar fazer a oxigenação, poderá cumprir a mesma função.


A temperatura em que se faz a decantação de um vinho também influencia o processo – vinhos servidos mais frios liberam aromas mais lentamente durante a decantação. Para quem não tem certeza se um vinho específico se beneficiará da decantação, uma abordagem prudente é servir uma pequena quantidade, provar, e então decidir se o restante deve ser decantado. Como observado por muitos sommeliers, é preferível decantar gradualmente a arriscar oxidar excessivamente um vinho valioso.

 

Resumindo; quando decantar:


♦ Vinhos tintos mais velhos: Estes vinhos frequentemente acumulam sedimentos ao longo do tempo, que podem afetar o sabor e a experiência de degustação. A decantação ajuda a removê-los e a oxigenar o vinho, permitindo que ele se expresse melhor.


♦ Vinhos tintos com passagem por madeira: A madeira pode adicionar aromas complexos, que se beneficiam da oxigenação e da abertura que a decantação proporciona.


♦ Vinhos jovens com potencial de guarda: Embora não necessitem de decantação para remover sedimentos, podem beneficiar-se da oxigenação, que ajuda a suavizar os taninos e a libertar os seus aromas mais complexos.

 

Quando não decantar:


♦ Vinhos jovens tintos (especialmente aqueles com pouco ou nenhum envelhecimento em madeira): Estes vinhos geralmente não têm sedimentos significativos e a decantação prolongada pode até prejudicar a sua frescura.


♦ Vinhos brancos: Os vinhos brancos, em geral, não se beneficiam da oxigenação prolongada, que pode alterar os seus aromas delicados e frescor. Muitos vinhos brancos, especialmente os mais delicados como Riesling, Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, raramente necessitam de decantação. Estes vinhos são tipicamente apreciados por seu frescor e vivacidade aromática, características que podem ser comprometidas com exposição excessiva ao oxigênio. No entanto, um bom Chardonnay barricado pode ser uma boa amostra que toda regra tem exceção.


♦ Vinhos rosés: De forma semelhante aos vinhos brancos, a decantação não é geralmente recomendada para os rosés, que se beneficiam da sua frescura e aromas frutados.

 

Vamos, portanto, lembrar que a decantação serve principalmente a dois propósitos: separar o vinho dos sedimentos que podem se acumular ao longo do envelhecimento e promover a aeração controlada da bebida. No primeiro caso, busca-se principalmente uma melhoria estética e de textura, evitando que partículas sólidas interfiram na degustação. Já no segundo, o objetivo é permitir que o vinho “respire”, ou seja, que entre em contato com o oxigênio, desenvolvendo aromas que estavam suprimidos e suavizando taninos potencialmente agressivos em vinhos mais estruturados.

 

A decisão de decantar um vinho é pessoal, e nada melhor que fazer uma experiência. Decante uma parte do vinho que está numa garrafa e deixe respirar por uns 20 minutos. Enquanto espera, sirva-se de vinho numa taça e experimente. E na sequência, sirva noutra taça o vinho que estava no decanter. Então, qual estava mais gostoso? Anote se era um vinho jovem, de que safra e de que uva. Repita outras vezes com outros rótulos. É a experiência que te levará a tomar as melhores decisões em beber vinhos!!!


Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não do artigo!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

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O VINOTÍCIAS foi criado por Márcio Oliveira, com o intuito de disponibilizar em um único espaço dicas de vinho, enogastronomia, eventos, roteiros de viagens e promoções. Inicialmente era disponibilizado na forma de uma newsletter para alunos, ex-alunos e amantes do vinho, com o crescimento do mercado e o amadurecimento do projeto a necessidade de um espaço maior para tantas informações se fez necessário e assim surgiu o blog e o site.

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