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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“AS OUTRAS REGIÕES VINÍCOLAS DA ARGENTINA”

Atualizado: 3 de mar. de 2023

Com as malas prontas, escrevo o último artigo sobre as regiões vinícolas da Argentina. Uma viagem por Mendoza, um Roteiro Enogastronômico carinhosamente preparado pela Zenithe Travelclub de Mariella Miranda e German Alarcon Martin, que vocês podem acompanhar pelo instagram do Vinotícias.

O primeiro passo para conhecer as regiões vinícolas da Argentina e suas respectivas características é entender como elas se dispõem no território do continente. É esse o fator principal que define o caráter de seus vinhos.


Diferentemente do que se imagina, não é todo o país que os produz, apenas uma faixa praticamente contínua localizada na porção oeste (vai do extremo norte, em Salta, até La Pampa, no sul).


Outro fator decisivo é a altitude, que decresce de Salta a La Pampa quase como uma escada que começa a 2.700 metros em meio a Cordilheira dos Andes chegando até os 200 metros, na Patagônia.


O CLIMA E OS TERROIRS DA ARGENTINA - As variadas altitudes presentes no território argentino são responsáveis pela criação de microclimas, impactando diretamente nos diferentes terroirs. Para se ter uma ideia, o cultivo das vinhas se estende por mil e quinhentos quilômetros, desde Salta, no norte do país, até o Rio Negro, na Patagônia.


Embora o clima argentino seja, em geral, árido, a presença das vinhas e a irrigação artificial torna o a região dos vinhedos apenas árida. A influência marítima é quase nula e a água utilizada no local é muito pura, uma vez que é fruto do degelo da Cordilheira dos Andes.


Os solos são predominantemente arenosos e o sistema de irrigação é feito muitas vezes por alagamentos, o que facilita a absorção de água pelas raízes das vinhas.


● A REGIÃO NORTE - Os mais altos vinhedos da Argentina (e, acredite, entre os mais altos do mundo!) estão localizados no norte do país. Mesmo fora dos trópicos mais indicados para o cultivo das uvas, dos 30º ao 50º, altitudes que variam de 1.000 a 3.000 metros do nível do mar é que garantem o sucesso da viticultura na região.


♦ SALTA - Localizada mais ao norte do país, Salta é quase uma província boliviana. Com uma capacidade produtiva bem menor em relação às outras regiões argentinas, Salta destaca-se pelas belas paisagens.

É lá que fica o desfiladeiro de Cafayate, onde corre o Rio de las Conchas. Nessa região, vale a visita à vinícola Bodega el Esteco, uma das mais tradicionais do país e que tem uma vista magnífica, a mais de 1700 metros de altitude. A parte mais alta de Salta, a 3.111 metros, é onde estão os vinhedos de maior altitude do mundo.


A produção de vinho na região ocorre nas localidades de Molinos, San Carlos, Cachi e La Poma, totalizando mais de 4100 hectares de vinhedos. Se os vinhos frescos existem na Argentina, o lugar deles é definitivamente Salta. A uva que reina nos 2,5 mil hectares é a branca e aromática Torrontés.


Mesmo sendo uma região mais quente, a altitude garante o frio necessário para o melhor amadurecimento das uvas, pois é de amplitude térmica que elas precisam. A altitude garante mais horas de sol por dia, maior amplitude térmica e a quantidade de água necessária.


Ah, os vinhos de altitude, como um vinhedo em Cafayate, com condições de sobrevivência inóspitas, apenas as mais fortes e melhores uvas resistem. O resultado? Vinhos frescos que transbordam acidez, além de serem ricos em aromas e sabor e terem menos álcool.


♦ CATAMARCA - É em meio aos vales do oeste de Catamarca que estão localizados os vinhedos da província, que se divide em diversas sub-regiões. A principal delas é Tinogasta, que concentra 70% da área total de vinhedos. Outras, como Belén, Fiambalá e Santa María, completam os 2,5 mil hectares do total de vinhas que concentra.


♦ TUCUMAN - Com menos de 90 hectares de vinhedos, Tucumán entra para o “hall” de regiões vinícolas mais altas do mundo, eles estão de 1.800 a 3.000 metros do nível do mar. Nesse contexto, destacam-se os vinhos feitos de Cabernet Sauvignon e Torrontés.


● A PATAGÔNIA - A Argentina é realmente um país de extremos, e a Patagônia não fica de fora. É a região vinícola localizada mais ao sul de todo o planeta. De 300 a 500 metros de altitude do nível do mar, apresenta condições ideais para a maturação das uvas. A principal característica de seus vinhos? O vento que por lá assovia!


A última região que vamos mencionar neste artigo é situada bem ao sul do país. Inclusive, é aqui que se localizam os vinhedos mais ao sul do planeta, rivalizando com alguns na Nova Zelândia. Na Patagônia, ao contrário das outras regiões citadas, o clima não é quente, mas sim frio e seco, quase desértico.


Na região, venta bastante, o que favorece a produção das vinhas, que dificilmente são atacadas por fungos. Além disso, assim como em Mendoza, as plantações de uvas são regadas pela água pura que desce da Cordilheira dos Andes nos períodos de degelo dos picos montanhosos. Todas essas características somadas a um solo de excelente qualidade resultam em uma uva de alto padrão, ótima para a produção de vinhos.


A Patagônia tem mais de 3700 hectares de parreirais, localizados principalmente nas províncias de Rio Negro e Neuquén, entre 300 e 500 metros de altitude. Os vinhos argentinos produzidos por lá são intensos e com grande personalidade, devido às temperaturas mais baixas e a maturação prolongada das uvas, uma das uvas mais adaptadas a esta região é a emblemática Pinot Noir.


♦ NEUQUÉN - É a 60 quilômetros a noroeste da capital da província de mesmo nome que a Pinot Noir, mais delicada das variedades tintas, começa a encontrar seu espaço na Argentina. As precipitações de menos de 200 milímetros por ano somada à amplitude térmica entre dia e noite superior a 20º C na fase de maturação das uvas. O principal trunfo de Neuquén é a perfeita evolução dos taninos, concentração de aromas e cores, além de excelente acidez.


♦ RÍO NEGRO - Diferentemente do que somos induzidos a pensar, a região de Río Negro é marcada por um clima continental seco, com níveis de precipitação inferiores a 200 milímetros por ano. Invernos frios e verões quentes com muita luminosidade natural marcam a personalidade dos vinhos – de maturação lenta e com equilíbrio ideal entre álcool e acidez.


♦ LA PAMPA - A ondulada planície é famosa pelo seu formato que lembra um leque e soma mais de 1.700 hectares. A altitude varia de 100 metros acima do nível do mar para 40 metros abaixo dele. Suas principais variedades são Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Chardonnay.


Não perca a chance de provar uma taça de vinho argentino e acompanhe em breve as imagens e artigos de nossa viagem por Mendoza !!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).

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