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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

VINICULTURA DA NOVA ZELÂNDIA


Visando mostrar a sua competência em produzir grandes vinhos, a Nova Zelândia está realizando um Road Show por algumas cidades do Brasil, e nesta semana Belo Horizonte foi palco de uma bela degustação organizada pela ABS-Minas. Orientada pelo simpático, competente e grande expert Arthur Piccolomini de Azevedo, que dispensa maiores apresentações, tivemos uma visão geral do país e de sua vinicultura.

Não se pode esquecer que Belo Horizonte é praticamente o berço do vinho neozelandês no Brasil, por ser a sede da Premium Wines, que começou a importar os primeiros rótulos em 1999, obtendo grande sucesso e se tornou referência em vinhos da Nova Zelândia por ter sido a pioneira em trazê-los em volumes significativos para o Brasil.

A Nova Zelândia é a região produtora mais isolada do planeta, um conjunto de ilhas que faz vinhos de excelente qualidade. A população humana é de cerca de 4 milhões de pessoas, que convivem com 30 milhões de ovelhas. Possui climas e paisagens peculiares: enquanto a Ilha do Norte tem geografia acidentada e registros das Eras Glaciais que ocorreram no planeta, a Ilha do Sul é um grande planalto formado pela atividade vulcânica.

O clima neozelandês, de variada incidência do sol e a da temperatura ao longo do dia, proporciona um lento período de amadurecimento das uvas – fator que acentua os sabores das variedades de uvas brancas, dando-lhes notas de frutas tropicais. A ilha do Norte tem climas mais quentes e regiões com bom índice de chuvas, enquanto a ilha sul tem verões mais secos e temperaturas mais frias.

A tradição vinícola remonta a 1819, quando as primeiras uvas foram plantadas. Em 1863 dá-se a fundação da primeira vinícola e em 1900 a phylloxera chega ao país. Por sorte, nesta época, já se sabia da solução para esta praga, mas efetivamente o país entrou no mapa do vinho a partir de 1973 com os vinhos criados a partir da região de Marlborough. A produção vinícola utiliza técnicas e processos muito modernos, tendo recebido muita influência da vinicultura australiana, sendo 98% sustentável. As técnicas modernas convivem com as tradicionais, com intenso uso de tanques de aço inox, podendo haver chaptalização e irrigação.

Hoje a Nova Zelândia é reconhecida por produzir alguns dos melhores vinhos do mundo elaborados a partir da casta Sauvignon Blanc, com estilo mais fresco, deliciosos Chardonnay e excelentes tintos como os seus Pinot Noir, uma uva conhecida por seu temperamento, mas que se adaptou muito bem ao clima frio do país, produzindo vinhos ricos, complexos e elegantes.

A Nova Zelândia possui 10 regiões produtoras de vinho em toda a sua extensão territorial, nas quais operam cerca de 530 vinícolas dentro das limitações do lado Norte e Sul das ilhas que compõem o país.

AS REGIÕES PRODUTORAS

São 10 regiões produtoras distribuídas pelas duas ilhas, que seguem nomeadas no sentido norte/sul:

- NORTHLAND - Os primeiros vinhedos do país foram aqui plantados no início do século XIX. Depois de abandonada, o interesse pela vitivinicultura ressurgiu nos últimos anos e agora se expande. É a região de clima mais quente, portanto, mais adequada à Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay, as três castas mais cultivadas. O solo varia do argiloso ao argilo-arenoso, passando por regiões de subsolo vulcânico.

- AUCKLAND - Henderson, Kumeu e Huapai, situadas a noroeste da cidade de Auckland, são as mais tradicionais sub-regiões desta zona. Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay são as uvas mais plantadas, embora também se encontre a Sauvignon Blanc e a Semillon. Os vinhos tintos são os de maior reputação.


- WAIKATO/BAY OF PLENTY - Pequena região ao sul de Auckland que começa a despontar. Chardonnays, Sauvignon Blancs e Cabernet Sauvignons de muito boa qualidade.

- GISBORNE - Situado no extremo leste da ilha, é o vinhedo mais oriental do planeta. Vinhas geralmente plantadas em planícies. Solos de calcário-argiloso sobre subsolo vulcânico ou arenoso. Tem 90% de uvas brancas, sendo metade de Chardonnay. Sem muita expressão em termos de qualidade.

- HAWKES BAY - Perto da cidade de Napier, é uma das mais antigas regiões produtoras do país e também uma das de maior reputação, além de ser a segunda maior. A enorme variedade de solos propicia o plantio de várias cepas. Tem o maior número de horas/sol da Nova Zelândia graças a uma cadeia de montanhas que bloqueia as chuvas trazidas pelo vento. A Chardonnay predomina, embora o clima ensolarado atraia cepas tintas como a Pinot Noir e outras de amadurecimento mais tardio, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Syrah. Não há dúvidas que os melhores vinhos Cabernets da Nova Zelândia são produzidos na quente (para os padrões do país) região de Hawke’s Bay.

- MARTINBOROUGH / WAIRARAPA - Ocupa a região mais ao sul da Ilha do Norte. Martinborough e Wairarapa são seus distritos mais famosos. A região se notabiliza pelos seus esplêndidos Pinot Noir e Sauvignon Blancs. A produção é pequena, mas de alta qualidade. O estilo de seus vinhos é muito semelhante aos de Marlborough, Ilha do Sul.

- NELSON - Já na Ilha do Sul. Área de grande beleza natural e pequena produção. Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling e Pinot Noir ocupam quase a totalidade da área plantada.

- MARLBOROUGH - Os primeiros vinhedos só foram plantados em 1973 e, no entanto, é hoje a região mais conhecida e de maior reputação do país. Seus Sauvignon Blancs são extraordinários, de grande riqueza e frescor. É também a maior produtora de espumantes elaborados a partir da Chardonnay e Pinot Noir, com as quais produz também vinhos tranquilos de altíssima qualidade. Vinhedos plantados em terraços planos às margens de rios. Solos pedregosos (os melhores) e argilosos.

- CANTERBURY E WAIPARA VALLEY - Próxima à cidade de Christchurch, onde se plantaram os primeiros vinhedos nos anos 1970. Mais ao sul, fica a nova e promissora sub-região de Waipara. Verões longos e secos, com bastante insolação, e invernos rigorosos são a marca da região. Uvas mais plantadas em ordem decrescente: Chardonnay, Pinot Noir, Riesling e Sauvignon Blanc. É a quarta maior região do país.

- CENTRAL OTAGO - Situada abaixo do paralelo 45, é a região produtora de vinho mais austral do mundo. Vinhedos plantados em altitude propiciam boa insolação e grande amplitude térmica. Há frequentemente redes e telas sobre os vinhedos como uma proteção contra as aves migratórias. É única região com ocorrência de solos xitosos. Muitos bons vinhos à base de Pinot Noir, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling.

PRINCIPAIS UVAS:

- SAUVIGNON BLANC - Aclamada por todos como a grande uva do país. Dá vinhos extremamente frutados (com aromas pungentes de maracujá, lima e mato cortado), de grande frescor e persistência. Rivalizam e, muitas vezes, suplantam os melhores franceses do vale do Loire. Seu plantio teve início em Auckland, mas se espalhou por todo o território. Atualmente, dois terços de sua produção encontram-se em Marlborough.

- CHARDONNAY - É hoje a cepa mais plantada no país. A grande diversidade de solos e, principalmente, de climas, associada aos vários estilos de vinificação, propiciam uma ampla gama de vinhos elaborados com esta uva. No geral, eles são bastante complexos, frutados e frescos. Os de regiões mais quentes (como Auckland e Northland) tendem a ser mais encorpados, maduros e com grande amplitude de aromas, enquanto os da área de Marlborough são mais ácidos e refrescantes, com marcado aroma de pêssegos e frutas cítricas. Barricas de carvalho francês e americano são utilizadas em seu afinamento. Esta é a principal uva utilizada na produção dos vinhos espumantes.

- PINOT NOIR - Esta casta uva borgonhesa, que ama as baixas temperaturas e o clima seco, e que dificilmente se adapta a outras regiões, encontrou, na Nova Zelândia, um terroir ideal. Seus vinhos surpreendem pela tipicidade e elegância. Embora a supremacia da região de Borgonha permaneça inquestionável, os exemplares da Nova Zelândia estão entre os vinhos que mais se aproximam de sua elegância e complexidade com a Pinot Noir, apresentando uma personalidade rica e sedutora, aparecendo a nota de sous-bois, trufas, terra molhada e aroma de carne faisandé (em geral carne de ave abatida que é exposta em um varal e ao cair no chão, já está pronta para comer, entendida como uma carne maturada). A Pinot é muito utilizada também nos espumantes com segunda fermentação na garrafa.

- CABERNET SAUVIGNON - Produz seus melhores resultados nas regiões mais quentes e secas do norte. Vibrantes e elegantes, muitas vezes são cortados com a uva Merlot para amaciar seus taninos, criando vinhos que lembram muito os melhores bordaleses.

- MERLOT - Outra uva de Bordeaux que aparece tanto vinificada isoladamente quanto cortada com sua “prima” Cabernet Sauvignon, e, como ela, prefere as regiões menos frias do norte.

- SEMILLON, RIESLING, GEWÜRZTRAMINER e PINOT GRIS, três uvas aromáticas brancas de primeira classe são também cultivadas com sucesso e ótimos resultados.

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