O Carnaval já começou com os foliões saindo às ruas com suas fantasias, cantando marchinhas e curtindo a alegria do feriadão. Mas nem todo mundo gosta de sair de casa nesse período, e existem aqueles que preferem aproveitar o momento para ficar em casa, curtir os lençois e descansar ao invés de ir atrás dos bloquinhos.
Se você é uma dessas pessoas, e que prefere ver um bom filme, onde a gastronomia e enologia são os temas fundamentais, selecionamos alguns títulos que poderão te entreter nesse Carnaval, com opções para todos os gostos.
Se você tem acesso à Netflix, uma série para assistir e aprofundar seu conhecimento em vinhos é: “SOMM” - O documentário acompanha a história de quatro sommeliers que se preparam para realizar o exame Master of Wine, o mais importante título que um sommelier pode ter, mostrando a pesada rotina de estudos e treinos que os profissionais precisam se submeter. “Somm: Dentro da garrafa” - A continuação do documentário Somm vai um pouco mais a fundo no mundo do vinho. Visitas aos produtores de vinhos de importantes países europeus, entrevistas com jornalistas que cobre o mercado da bebida e, claro, os relatos dos quatro sommeliers protagonistas da primeira parte da história.
“FILMES ONDE GASTRONOMIA E VINHOS É O TEMA FUNDAMENTAL“
Há muito tempo que comer é muito mais que saciar simplesmente a fome; É sem dúvida, um dos grandes prazeres que a humanidade aperfeiçoou ao longo dos tempos, saindo desde a carne crua consumida na época do Homem das cavernas, até os jantares requintados que temos notícias. Cozinhar é uma arte cada vez mais sofisticada e por sorte, o cinema tem tido este tema como algo recorrente.
Interessante então falar que religião sempre teve o papel “regulador” dos vícios e da sociedade, a fim de organizar e doutrinar segundo sua perspectiva. Os hábitos por trás do alimento são questionados desde a Grécia Antiga. Para a doutrina Católica, alimentar-se é um ato humano cuja única função é manter o corpo saudável, e o excesso da comida, bem como o prazer sentido no ato, são um estímulo do pecado da Gula.
A Gula, derivando de “goela” em latim, como pecado, surge para frear o apetite desregrado, principalmente da nobreza, uma vez que entende-se por gula, não só o ato de comer, mas também o de beber, e (ou) de se embriagar, opondo-se ao ideal de moderação, ou o que Aristóteles consideraria como a virtude da temperança.
A Igreja entende que a gula torna-se responsável por pecados bem mais graves, tal como o acaloramento dos sentidos que conduz a luxúria, uma vez que o excesso de carnes (principalmente) e molhos picantes, excitaria o corpo e o espírito! E até mesmo a preguiça como consequência, uma vez que o comer demasiadamente causaria uma languidez dos sentidos e uma ociosidade condenada.
A gula, principalmente na Idade Média, Moderna e ainda início da Idade Contemporânea, foi um pecado altamente condenável. Será que conseguiremos vencer seus chamados? Para provocar seus sentidos, resolvi listar alguns bons filmes sobre o assunto da culinária para deliciar os seus olhos.
● SOUR GRAPES -Sour Grapes é o mais novo documentário sobre o mundo dos vinhos que entrou no catálogo da Netflix. A produção conta a história de Rudy Kurniawan, um jovem indonésio que deu o maior golpe na história do mercado de vinhos, vendendo milhões de dólares em garrafas falsificadas nas mais importantes casas de leilão dos EUA.
● UM ANO EM CHAMPAGNE - Finalmente um documentário sobre a mais renomada região produtora de espumantes, Champagne! Entenda como os produtores locais conseguiram ao longo de sua história refinar cada vez mais as regras que diferenciam e definem a bebida mais famosa do mundo!
● A FESTA DE BABETTE– Talvez seja o filme que podemos dizer, tenha despertado o interesse das pessoas pela gastronomia, vinhos e suas harmonizações. Uma misteriosa francesa, fugindo da guerra civil, torna empregada de duas irmãs num pequeno povoado dinamarquês, onde leva vida simples e recolhida, mas coloca intenso amor em tudo que cozinha. Na desolada costa da Dinamarca vivem Martina e Philippa, as belas e envelhecidas filhas de um devoto pastor protestante que prega a salvação através da renúncia. As irmãs sacrificam suas paixões da juventude em nome da fé e das obrigações, e mesmo muitos anos depois da morte do pai, elas mantém vivos seus ensinamentos entre os habitantes da cidade. Mas com a chegada de Babette, uma misteriosa refugiada da guerra civil na França, a vida para as irmãs e seu pequeno povoado começa a mudar. Logo Babette as convence a tentar algo realmente ousado - um banquete francês! Sua festa, é claro, escandaliza os mais velhos do lugar. Quem é esta surpreendentemente talentosa Babette, que tem apavorado os moradores desta devota cidade com a perspectiva deles perderem suas almas por deleitarem-se com prazeres terrenos? Bonito e bem peculiar. Questiona moralismo, valores bem arcaicos e preconceitos. Da cena do jantar até o final é lindo, lindo. A Festa de Babette, (Babettes Gæstebud), é um filme franco-dinamarquês de 1987, dirigido por Gabriel Axel. Roteiro adaptado da obra de Karen Blixen, cujo pseudônimo era Isak Dinesen, o anonimato se justifica, uma vez que mulheres escritoras não seriam vistas de forma “positiva” em uma sociedade machista e hipócrita. Ganhador do Oscar de Melhor filme estrageiro em 1988.
● SIDEWAYS – ENTRE UMAS E OUTRAS - Miles Raymond (Paul Giamatti) é um homem depressivo, que tenta se tornar um escritor. Miles é fascinado por vinhos e decide dar como presente de despedida de solteiro a Jack (Thomas Haden Church), seu melhor amigo, uma viagem pelas vinículas do Vale de Santa Inez, na California. Eles partem juntos na viagem, mas logo se envolvem com duas mulheres. Jack conhece Stephanie (Sandra Oh), a funcionária de uma vinícola local, que faz com que ele queira anular seu casamento, que está marcado para daqui a poucos dias. Já Miles se interessa por Maya (Virginia Madsen), uma garçonete que tem o mesmo apreço por vinho que ele.
● O JULGAMENTO DE PARIS – É um filme americano de 2008, dirigido por Randall Miller e que tem como destaque Bill Pullman, baseado em fatos reais, e retrata os primeiros tempos da indústria do vinho em Napa Valley nos anos 70. O momento retratado no filme foi o da degustação às cegas organizada em 24 de maio de 1976, em Paris, pelo então comerciante de vinhos Steven Spurrier (hoje diretor da renomada revista ingleza de vinhos Decanter). Seria um acontecimento normal, se o evento não representasse uma tentativa de desmoralização do vinho produzido na Califórnia em meio a comemoração do centanário da Independência Americana. O resultado da degustação, entretanto, foi a derrota histórica para os vinhos franceses e significou um importante empurrão para o desenvolvimento da produção do vinho não só da Califórnia mais em todos os demais espaços do Novo Mundo. Naquele momento, caiu o mito de que necessariamente os melhores vinhos são os franceses, ou aqueles do Velho Mundo, pois provou-se que é possível produzir vinhos de qualidade em outra áreas. O destaque da degustação foi a garrafa da vinícola Chateau Montelena, que ganhou como melhor vinho branco e até hoje produz excelentes safras. O vinho Chateau Montelena 1973 virou uma lenda e acabou colocando a região no mapa dos melhores produtores da bebida.
● RED OBSSESSION – É um filme australiano, feito em 2013, como um documentário com entrevistas com produtores e amantes de vinho. E as entrevistas ocorrem por todo mundo. Lembra de certa forma pelo que ouvi a Mondovino. Narrado por Russell Crowe, o filme nos leva em uma viagem extraordinária de Bordeaux para Pequim, a partir da paixão e arte do vinho até os mercados de vinhos falsificados notórios no Extremo Oriente e nas mais afamadas casas de leilões que abastecem as adegas de colecionadores bilionários. Explora o caso de amor improvável entre o Ocidente e Oriente pelo vinho, numa visão tradicional e sedutora, mostrando que a demanda não tem precedentes na história, e sendo o vinho um produto de produção limitada, o novo cliente oriental quer tudo que possa obter (daí o termo ser a Obsessão Vermelha). Será que o mercado China será a bolha que nunca estoura ou a maior ameaça a reputação de séculos dos vinhos de Bordeaux?
● MONDOVINO – neste filme, Bordeaux, Napa, Florença, Toscana, Cafayate (Argentina) e Pernambuco aparecem como cenários do vinho. Através destas regiões o diretor Jonathan Nossiter apresenta os caminhos do vinho e a globalização dos sabores. Histórias de grandes vinicultores como a família Mondavi, o maior produtor de vinho da Califórnia, e também de pequenos como a família De Montilli, que luta para manter suas terras e as características de seu vinho são ouvidos e confrontados. Quem sobreviverá num mundo de grandes empresas e globalização? Como os produtores artesanais poderão sobreviver a toda esta pressão do mercado? Explora uma tese: a de que o crítico Robert Parker está influenciado por suas críticas a globalização pelo gosto intenso de fruta madura e nota de carvalho, típico dos vinhos de Bordeaux, tornando este tinto num padrão mundial, juntamente com a consultoria e trabalhos de Michel Rolland de Pomerol, ou o domínio de grandes grupos como a Mondavi, uma empresa de capital aberto com sede em Napa com uma história familiar de produção de vinho. Fabricantes de vinho em todo o mundo, muitos usando Rolland como consultor, buscando intensificar sua estrutura, cor e paladar, em detrimento de elegância e complexidade, argumentam valorizando alguns, que o vinho que deve refletir o caráter da terra onde a uva é cultivada, outros falando que o que deve predominar é o gosto do cliente, caminhando para esta globalização. Mondovino, portanto, é um documentário sobre o impacto da globalização sobre diferentes regiões vinícolas do mundo e um profundo questionamento sobre o futuro de pequenos e grandes produtores.
● UM BOM ANO – Aos 11 anos, Max Skinner (Freddie Highmore) é cuidadosamente educado na arte de saborear vinhos por seu tio Henry (Albert Finney), dono de um vinhedo na França. Adulto, Max (Russell Crowe) torna-se um bem-sucedido homem de negócios em Londres, sem qualquer tempo para degustações mais duradouras. Ele trabalha no mercado financeiro de Londres e é um workaholic que tem em sua rotina estressante o seu maior vício. Vida muita distante da educação que recebeu, dada pelo tio Henry em um bucólico e lindo vinhedo na Provence. Max foi ensinado a apreciar um bom vinho e a usufruir da tranquilidade da vida bucólica, ensinamentos que o tempo o fez esquecer, mas que é obrigado a relembrar quando recebe a notícia do falecimento de seu tio, deixando-o como único herdeiro. Prevendo bons negócios, resolve fazer uma rápida viagem para visitar a propriedade. Mas, uma vez ali, percebe que não será tão fácil vender o lugar que lhe traz tantas lembranças de infância e quando viaja para ajustar detalhes a fim de vendê-lo, Max acaba passando uma temporada no local, deixando-se seduzir pelo inebriante clima francês.
Max não só viaja para Provence, mas viaja, também, para seu passado. Como já era esperado o workaholic se deixa apaixonar (ou se reapaixona) pela beleza e tranquilidade do local. É lá que ele reencontra uma antiga paixão: Fanny Chenal, interpretada por Marion Cotillard, o deixa ainda mais confuso.
Um Bom Anoexplora diversos antagonismos corriqueiros e de fácil identificação. Tem-se o passado versus o presente, o dinheiro versus a paixão, o urbano versus o bucólico, enfim, diversos dilemas que se impõem ao personagem principal e que apreciamos enquanto voyers da vida alheia, degustando um pouquinho de tudo sem ter de nos limitar às escolhas que competem ao personagem. Aliás, a escolha é o de menos, como o enredo é delicioso não nos importamos com o tempo, é um delicioso passeio por distintas atmosferas. A excitação da vida corrida e da rotina de trabalho no mercado financeiro londrino dá lugar as belíssimas locações e a beleza sufocante dos vinhedos franceses, tudo isso regado a vinho e a lições de como produzi-lo.
● A 100 PASSOS DE UM SONHO – No sul da França, Madame Mallory (Helen Mirren) é uma respeitada e autoritária dona de um restaurante estrelado no famoso guia Michelin que está cada vez mais preocupada com um estabelecimento indiano, concorrente, que abriu do outro lado da rua do seu empreendimento. Ela trava uma verdadeira guerra contra o vizinho, mas aos poucos conhece o filho do seu adversário, Hassan Kadam (Manish Dayal), um garoto com verdadeiro talento para a culinária. Os dois tornam-se amigos, e Mallory passa a guiá-lo pelos conhecimentos da refinada gastronomia francesa, sem abandonar a tradição indiana, encorajando-o a alçar vôos muito mais altos.
A trama é basicamente a mesma de Chocolate, filme estrelado por Juliette Binoche, com algumas diferenças. A maior delas é que aqui o diretor quer falar do caldeirão cultural do mundo globalizado. As soluções que o filme encontra para a harmonia numa França contaminada por movimentos de extrema direita e xenofóbicos são para lá de ingênuas. Há também tumultos políticos na Índia, descritos como “uma eleição ou outra”.
Não que algo disso seja o tema do filme, pelo contrário. As questões vem à tona apenas em um momento, e é como se o diretor pedisse desculpa por falar disso – sem nunca, é claro, nomear a questão. Assim, “A 100 Passos de um Sonho” se limita em ser quase duas horas de programa culinário, sem dar as receitas. Hallström se contenta com as obviedades das metáforas culinárias e o poder transcendental da comida unindo culturas. O longa é uma adaptação do livro de Richard C. Morais, aqui traduzido como “A Viagem de Cem Passos”. O título original faz referência a cem pés, que é uma medida de comprimento equivalente a pouco mais de 30 metros. Passos ou pés, o fato é que o número marca a distância entre dois vizinhos, que sendo rivais, simbolizam a sutileza versus a ousadia, simplicidade versus exagero, razão versus emoção e forma versus tempero. Tradição, ambos têm de sobra !
É de se lamentar, no entanto, que o filme se contente com isso, pois parte de bons personagens e atores. Ao centro, como narrador e protagonista, está o jovem Hassam (Manish Dayal), cuja família foge da Índia e se instala na Europa, meio que por acaso nesse pequeno vilarejo, cujo único restaurante tem uma estrela do conceituado guia Michelin (a ponto de atrair políticos importantes) e é dirigido com pulso firme por Madame Mallory (Helen Mirren).
Hassam é filho do teimoso Papa Kadam (Om Puri), que abre um espalhafatoso restaurante indiano bem em frente ao estabelecimento da francesa. Ele conta com o talento culinário de seu filho e a ajuda dos outros três para tocar o lugar, mas encontra na vizinha uma inimiga e sabotadora. Então, o filme se contenta com clichês sobre personagens: franceses são esnobes, as porções são mínimas; indianos são alegres e cozinham abundantemente etc. Além disso, há também o envolvimento amoroso de Hassam com Margueritte (Charlotte Le Bom), a sous chef do restaurante francês que aspira à posição principal dentro da cozinha – mas, no filme, as posições centrais parecem caber apenas aos homens.
Ao final, não é de se espantar encontrar os nomes de Oprah Winfrey e Steven Spielberg como produtores do filme. “A 100 Passos de um Sonho” é exatamente o tipo de história que a apresentadora gosta – de superação com uma profundidade falsa – e Spielberg providencia o lado “diversão para toda a família”. E aí estão as raízes de alguns dos maiores problemas nesse filme, que fazem dele um passatempo mediano e previsível.
● CARTAS PARA JULIETA – Há um lugar onde os corações partidos deixam bilhetes pedindo ajuda a Julieta. Foi lá que Sophie achou uma carta que mudou a sua vida para sempre! Sophie (Amanda Seyfried) é uma aspirante a escritora que viaja para a Itália ao lado do noivo Victor (Gael García Bernal), que sonha em ter seu próprio restaurante. Em Verona, onde se passou a história de Romeu e Julieta, local perfeito para uma lua de mel antecipada, Sophie acaba percebendo que seu noivo está mais interessado nos fornecedores para seu restaurante, leilões de safras antigas e caçar trufas, do que nela. Na cidade descobre uma antiga carta de amor e junta-se a um grupo de voluntárias que responde estas correspondências amorosas. Para sua surpresa, a remetente Claire Smith (Vanessa Redgrave) ouve o conselho dado na resposta e vai procurar Lorenzo, por quem se apaixonou na juventude. Mas existem muitos italianos com o mesmo nome e Sophie demonstra interesse em ajudá-la na tarefa, desagradando o neto Charlie (Christopher Egan), que já tinha reprovado essa louca aventura da avó viúva.
Com este roteiro simples, um pezinho na fantasia amorosa e atuações corretas, o filme é bem honesto e até emociona. Bem conduzido por Gary Winick, o mesmo diretor do também simpático De Repente 30, o destaque vai para a boa química entre Seyfried e o desconhecido ator Christopher Egan, além da presença do galã de outrora Franco Nero, marido de Redgrave na vida real. Ah! Não dá para deixar passar em branco as belas imagens da Itália, em especial os vinhedos do Borgo Scoperto (localizado na Toscana e usado como locação do local do casamento), da cidade de Verona de "Romeu & Julieta", e uma trilha sonora típica, mas com direito a duas músicas da cantora pop Colbie Caillat. A curiosidade vai para o uso de uma varanda shakesperiana "como coadjuvante" em dois momentos importantes e românticos de uma história que só podia - e tem - um clássico "The End" na tela. Portanto, os destinatários de Cartas para Julieta serão todas as pessoas que curtem, sem preconceito, um final feliz.
Letters to Juliet, no original, teve recepção mista por parte da crítica especializada. Com o “tomatometer” de 40% em base de 151 críticas, o Rotten Tomatoespublicou um consenso: “o filme tem um charme romântico e refrescantemente sério, mas ele sofre de diálogos flácidos e uma total falta de surpresas". Entretanto, 60% das pessoas que o viram relatam ter-se emocionado com o filme, e tornariam a vê-lo. Boa parte disse ter chorado, sinal que filme despertou emoções !!!
● SIMPLESMENTE MARTHA– Filme alemão no qual, Martha (Martina Gedeck), com seu modo charmoso e obsessivo, cria verdadeiras obras de arte cozinhando num pequeno restaurante em Hamburgo. No entanto, tem uma vida com o cotidiano monótono, é introvertida e praticamente não possui vida própria, dedicando-se obcessivamente ao trabalho. Tudo muda quando sua irmã morre em um acidente, deixando para ela o encargo de cuidar de Lina (Maxine Foerste), sua sobrinha de oito anos. Sua vida fica completamente dividida, pois não tinha ninguém com quem repartir seus momentos e claro, a menina a tira da sua rotina monótona, mas totalmente segura. Um stress a fasta do restaurante e então aparece Mario (Sergio Castellito), um extrovertido cozinheiro italiano que consegue trazer um pouco de alegria para as duas. No momento em que Martha e Mario começam um romance, o pai de Lina, que há muito tempo estava desaparecido, surge querendo levá-la para a Itália. Não vou contar tudo, para deixar algo mais para você descobrir ...
● SEM RESERVAS– Uma refilmagem do alemão Simplesmente Martha, e assim, muitas falas são exatamente as mesmas do filme alemão. Na sua essência o filme americano é mais alegre, mais colorido, fala menos de comida. O ambiente é transferido para Nova York, onde Zeta-Jones é a chef de um restaurante bem conceituado, rígida consigo e com suas comidas. Por conta de seu stress, ela é obrigada por sua chefe a fazer terapia para mudar seu temperado forte. Sua sobrinha, interpretada por Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine), vai morar com ela após a morte da mãe (irmã da Chef). Ao mesmo tempo, sua chefe contrata um cozinheiro extravagante para ajudá-la. Com esses ingredientes a comédia romântica gira em torno das relações entre os três personagens e as consequências de mudanças em nossas vidas.
● TOAST - Em 1957 um garotinho de 9 anos tem uma mãe que é péssima cozinheira, ela acredita em comida natural ou fresca, o que desperta nele o desejo por cozinhar e comer coisas saudáveis. Com a morte da mãe chega uma empregada - Helena Bonham Carter -, uma cozinheira fantástica que logo vira sua madrasta, criando entre eles uma rivalidade por quem faz os melhores pratos para o pai. Feito originalmente para a TV britânica,é um filme adorável, e que coloca em cheque várias emoções.
● RATATOUILLE – O desenho animado também tem explorado o tema. Neste filme, um ratinho chamado Remy, de olfato apurado, vai para Paris viver seu sonho e tornar-se um grande chefe de cozinha, mesmo contra os desejos de sua família e do óbvio problema de ser um rato em uma profissão totalmente inapropriada para roedores. Ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu de Linguini e indica o que ele deve fazer ao cozinhar. O desenho da Pixar ganhou o Oscar de animação e fez imenso sucesso.
● JULIE & JULIA- Duas histórias paralelas acontecem neste filme. Em 1948, Julia Child (Meryl Streep) é uma americana que passou a morar em Paris devido ao trabalho de seu marido, Paul (Stanley Tucci). Em busca de algo para se ocupar, ela se interessou por culinária e passou a apresentar um programa de TV sobre o assunto. Cinquenta anos depois, Julie Powell (Amy Adams) está prestes a completar 30 anos e está frustrada com a vida que leva. Em busca de um objetivo, ela resolve passar um ano cozinhando as 524 receitas do livro de Julia Child, "Mastering the Art of French Cooking". Ao longo deste período Julie escreve para um blog, onde relata suas experiências. Meryl Streep e Amy Adams respectivamente estão ótimas e os pratos são apetitosos.
● COMER, REZAR, AMAR- Julia Roberts é uma mulher em busca de sentido para sua vida e abandona tudo para fazer uma viagem de auto-conhecimento pela Índia, Bali e Itália, onde descobre o prazer da gastronomia. Um filme baseado num best-seller de auto-ajuda e é natural que no resumo final, como esperado, só se salvem as paisagens e as comidas.
● A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE – Qualquer criança fica pensando como se faz um chocolate tão gostoso como aqueles que comemos na nossa infância, que aliás tinham gosto do tempo que passamos sem maiores responsabilidade. O livro de Roald Dahl nos deu um tíquete para conhecer a fábrica de Willy Wonka para desvendar esse mistério. Há uma refilmagem da versão de 1971, estrelada por Gene Wilder, mas a de Tim Burton (a recente) também é muito boa.
● O COZINHEIRO, O LADRÃO, SUA MULHER & O AMANTE- Um gangster janta todas as noites na companhia de sua esposa em um sofisticado restaurante, mas seus modos grosseiros fazem com que ela se interesse por um outro frequentador, com quem faz sexo no próprio restaurante, sendo acobertados pelo cozinheiro francês. Claro que esse triângulo não termina bem. O cardápio vai do sublime ao escatológico. Lindamente iluminado pelo fotógrafo Sacha Vierny, com figurinos de Jean-Paul Gaultier, sob a batuta do arquiteto visual Peter Greenaway é um filme que vale a pena ser visto.
● SABOR DA PAIXÃO - Penélope Cruz faz o papel de uma brasileira, que cozinha divinamente e faz do restaurante de seu marido, vivido por Murilo Benício, na Bahia, um grande sucesso. Ela, entretanto, é traída pelo marido e decide mudar-se para San Francisco, onde assume um programa de culinária na TV. O roteiro é muito fraco, mas a comida é boa.
● COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE – Tita (Lumi Cavazos) nasceu na cozinha do rancho de sua família, quando sua mãe (Regina Torné) estava cortando cebolas. Logo em seguida seu pai morre de um ataque cardíaco fulminante, por ter sua paternidade questionada. Com isso Tita é vítima de uma tradição local, que diz que a filha mais nova não pode se casar para que cuide da mãe até sua morte. Ao crescer Tita se apaixona por Pedro Muzquiz (Marco Leonardi), que deseja se casar com ela. Sua mãe veta o matrimônio, devido à tradição, e sugere que ele se case com Rosaura (Yareli Arizmendi), a irmã dois anos mais velha de Tita. Pedro aceita, pois apenas assim poderá estar perto de Tita. Proibidos de se amarem, Tita encontra outra forma de compartilhar sua paixão com Pedro: a comida. Coloca tanta paixão no que faz que transfere suas emoções e assim sendo, se estava alegre, todos riem sem saber por que. Se estava triste, o choro des particpantes das refeições é imediato. Lindo de ver.
● LE CHEF (2012)- Jean Reno é um chef em Paris prestes a perder seu emprego caso perca sua terceira estrela Michelin. O que é uma história muito real para muitos chefs franceses atuais, fazendo com até mesmo cheguem ao suicídio. Ele se reafirma, depois de muitas brigas, ao conhecer um jovem e espirituoso chef, que será seu braço direito para se reinventar e encontrar um novo caminho. Jacky Bonnot, 32 anos, é um amador da alta cozinha, com um talento inato e o sonho de sucesso num restaurante de topo. A sua situação financeira leva-o, entretanto, a aceitar pequenos trabalhos que tem grande dificuldade em manter. Até ao dia em que se cruza com Alexandre Lagarde, reputado chefe com várias estrelas, cuja confortável situação é colocada em risco pelo grupo financeiro proprietário do seu restaurante.
● LE CHEF (2014)- Carl Casper (Jon Favreau) é o chef de um restaurante badalado de Los Angeles, mas volta e meia enfrenta problemas com o dono do local (Dustin Hoffman) por querer inovar no cardápio ao invés de fazer sempre os pratos mais pedidos pelos clientes. Um dia, um renomado crítico gastronômico (Oliver Platt) vai ao restaurante e publica uma crítica bastante negativa, baseada justamente no fato do cardápio ser pouco criativo. Furioso, Casper vai tirar satisfação com ele e acaba demitido. Pior: a briga vai parar na internet e se torna viral, o que lhe fecha as portas nos demais restaurantes. Sem saída, ele recebe a ajuda de sua ex-esposa (Sophia Vergara) para reiniciar a vida no comando de um trailer de comida.
● O SABOR DE UMA PAIXÃO - Abandonada pelo namorado, uma jovem americana Abby (Murphy) se vê de repente em Tokyo totalmente perdida e sozinha, sem falar uma palavra de japonês, em meio a uma cultura completamente diferente da sua. Tentando reorganizar a sua vida, ela percebe estar frequentando o restaurante de ramen tipico de seu bairro, e depois de observar os mágicos efeitos que a comida do restaurante tinha sobre os seus clientes, Abby se convence de que o seu destino é se tornar chef de cozinha especializada em Ramen. Ela consegue convencer o chef japonês tirano e temperamental onde ela trabalha, a ensiná-la a arte de se fazer um bom ramen. Apesar do péssimo relacionamento entre os dois, ambos descobrem juntos o ingrediente mais importante de todos: cozinhar com amor. Um final surpreendente quando ela consegue vencer a resistência do chef japonês.
● ESTÔMAGO- É a história de Raimundo Nonato, migrante nordestino, e seu aprendizado de vida em uma capital do sul do Brasil. Aprendizado de vida, mas sobretudo de cozinha, pois é através desta arte que Nonato descobre a si mesmo e se relaciona com os outros. É nas cozinhas rudimentares de bares e pequenos restaurantes (e até em uma cela de prisão) que Nonato vive e realiza sua sina. Ele vai para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).
● CHOCOLATE – Filme do diretor Lasse Hallström, é baseado em romance homônimo de Joanne Harris, e conta a história do vendaval causado por Vianne Rocher, com sua chegada a uma pequena cidade no interior da França, onde resolve instalar sua loja de chocolates. Sua chegada à cidade se dá num domingo, no momento em que se celebra a missa, e da qual participam os moradores, sob forte vigilância do Conde de Reynaud. Vianne Rocher (Juliette Binoche), uma jovem mãe solteira, e sua filha de seis anos (Victorie Thivisol) resolvem se mudar para uma cidade rural da França. Lá decidem abrir uma loja de chocolates que funciona todos os dias da semana, bem em frente à igreja local, o que atrai a certeza da população de que o negócio não vá durar muito tempo. Vianne é pouco afeita a agir de acordo com as convenções sociais, embora fosse ela também prisioneira de sua própria tradição que a obrigava a vagar de cidade em cidade, levada pelo vento norte, e distribuindo remédios de cacau, como seus antepassados faziam havia várias gerações. Mulher, nômade, mãe solteira, nem bem chega à cidade é convidada a estar presente na missa dominical, convite que declina. Não bastassem estes ingredientes para atrair a ira do poder político-religioso local, ela lhe acrescenta mais um: a abertura de uma loja de chocolates no centro da cidade, em plena Quaresma, supostamente uma época de “abstinência, reflexão e sincera contrição”, conforme sermão do padre proferido no domingo da chegada de Vianne ao vilarejo. Porém, aos poucos Vianne consegue persuadir os moradores da cidade em que agora vive a desfrutar seus deliciosos produtos, transformando o ceticismo inicial em uma calorosa recepção.
● DIETA MEDITERRÂNEA– Um filme espanhol do diretor catalão Joaquín Oristrel. Contando com a assessoria de grandes chefes da culinária internacional, como o também catalão Ferran Adriá, o diretor conta a história da jovem chef de cozinha Sofia (Olivia Molina) e seus dois amores – o marido Toni (Paco León) e o amigo Frank (Alfonso Bassave). Sofia vive às voltas com panelas e fogões desde criança, já que cresceu dentro do restaurante dos pais, cuja cozinha um dia fica pequena demais para o seu talento. Casada com Toni, ela aceita um convite do maître Frank para ser chefe de um grande hotel cinco estrelas, e aí começam as confusões. Esse é um daqueles filmes que você saboreia. Pertence a mesma linha de cinema que faz sucesso explorando o tema da culinária: “A Festa de Babette”(1987), “Vatel, o Cozinheiro do Rei”(2000), “Estômago”(2007), “Julie e Julia”(2009), ”Comer Rezar Amar”(2010), para citar só alguns. E parece certo que tais filmes são apreciados porque falam de uma arte necessária à vida prazeirosa. A cozinha, quando regida por pessoas dotadas, torna-se um lugar de descobertas, de transformações, onde sabores e cores são usados para deliciar nossos olhos e estômago. No filme, Sofia consegue fazer com que o seu talento seja reconhecido pelos grandes “chefs” europeus, entre os quais Ferran Adrià, que aparece em pessoa no filme. Adrià é o “chef” de um dos mais famosos restaurantes do mundo, El Bulli, que fica em Roses, na Costa Brava, Catalunha, ao norte de Barcelona (recém-fechado). Usando novas tecnologias e buscando sabores inesperados aliados a texturas elaboradas, ele desenvolveu uma cozinha criativa que dá o que falar. El Bulli era famoso por seu menú degustação de 30 pratos, que convida as pessoas a provar sem saber o que estão comendo. Tudo pela descoberta de paladares adormecidos pelo quotidiano. O detalhe apimentado do filme é que Sofia é uma versão espanhola de nossa dona Flor, criação de Jorge Amado, vivida por uma inesquecível Sonia Braga nas telas. O filme é contado através de um “flashback” que vai desde o nascimento de Sofia até o nascimento da narradora do filme, sua filha, que tem um nome muito peculiar.
● O AMOR ESTÁ NA MESA- Filme dirigido pelo cineasta francês Jean-Yves Pitoun, que também assina o roteiro, é uma divertida comédia romântica. O longa faz uma imersão na culinária francesa, que vem temperada com as confusões, as paixões e os sonhos de um jovem cozinheiro americano. Expulso da Marinha por agredir um superior, Loren (Jason Lee) vende sua motocicleta e segue rumo à França, para tentar uma vaga no famoso restaurante quatro estrelas de Louis Boyer (Eddy Mitchell), um chef perfeccionista e rabugento. É em meio a este agitado universo da cozinha, cortes nas mãos e pratos jogados no lixo, que o aprendiz ganha, a aceitação de seus colegas e de Gabrielle (Irène Jacob), filha de Boyer, por quem se apaixona. Melhor reservar um restaurante para depois do filme!
● OS SABORES DO PALÁCIO– Um dos mais recentes filmes sobre o tema e que ficou pouco tempo em exebição. Uma cozinheira do interior da França é convidada a assumir a cozinha do Palácio do Elisée, sendo a responsável pelas refeições do presidente francês, que queria ter algo mais simples e com sabor do campo em sua mesa. Ela tem que enfrentar a resistência dos chefs mais antigos do Palácio, mas é esperta o suficiente para criar uma pequena e eficiente equipe que a salva dos percalços pelo caminho. O filme é um desfile de cores e sabores deliciosos, com um desfile de pratos do interior francês, nem sempre conhecidos dos brasileiros.
● VATEL– O filme Vatel: Um Banquete para o Rei é um drama dirigido por Rolland Joffé, lançado no ano 2000. O elenco conta com grandes nomes do cinema internacional, como Gérard Depardieu, Uma Thurman, Tim Roth e Julian Sands. A história se passa no ano de 1671, quando o rei Sol - Luís XIV vivia em Versailles, com todo luxo e riqueza. Longe de Versailles, porém, o Príncipe de Condé estava completamente falido. Para solucionar tal situação, o príncipe convidou o rei Luís XIV para passar um fim de semana na sua província, desfrutando de uma série de entretenimentos e refeições, os quais culminariam num suntuoso banquete. O intuito disso era fazer com que o rei se encantasse de tal forma com o evento e o local que pudesse ajudar o príncipe a tirar sua província daquela situação. Em contrapartida, o rei queria que o príncipe o apoiasse nas negociações que levariam a França a declarar guerra à Holanda. Para que o evento tivesse o efeito desejado, o príncipe designou seu chef de cozinha e mordomo François Vatel para planejar e coordenar todos os detalhes do evento. O evento realizado no filme enquadra-se na categoria institucional, pois promove a imagem da província e de seu príncipe. O filme mostra como Vatel e sua equipe preparam e executam os três dias de festividades, desde as maquetes para os sofisticados cenários de cada dia de festa, até a preparação de elaborados banquetes. O contraste entre os subterrâneos rústicos onde os serviçais trabalham e onde as festas são produzidas, além das salas e os jardins do chateau onde a nobreza se diverte e aguarda por mais diversão devem ser notados. Também é possível perceber a angustia de Vatel em busca da perfeição de formas, cores e efeitos para surpreender o rei no Castelo de Chantilly e seus jardins. Os interiores do castelo e as roupas de seus nobres personagens são a mais pura representação do que passa pela nossa cabeça quando imaginamos o glamuroso estilo barroco francês: escadarias intermináveis, candelabros, pisos de mármore, tetos pintados, relógios, castiçais, salas douradas, espelhos, veludos, plumas, cores exuberantes, brocados, sedas, fontes, lustres de cristal, fogos de artifício, esculturas de gelo, imensos arranjos florais, banquetes intermináveis, enfim… um luxo!
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