Se você é apaixonado por vinho branco, saiba quais uvas e regiões produtoras ou países procurar para se esquentar neste inverno!
É só o frio chegar e automaticamente já começamos a associar a temperatura mais baixa e uma taça de vinho tinto. Será que existe alguma regra que coloca o vinho tinto como a única bebida do inverno? Nesta estação é normal que optemos por comidas mais encorpadas ou gordurosas. O tanino ajuda a ‘quebrar’ essas moléculas de gordura no paladar, e é nos vinhos tintos que o encontramos em altas concentrações. Talvez por isso essa associação entre vinho tinto e dias frios seja tão comum.
O inverno está relacionado com um período de menor oferta de frutas e verduras e, com isso, direciona nossos hábitos de consumo para o maior acúmulo de calorias. É instintivo. Mas, não são todos os hábitos do verão que mudam subitamente quando cai a temperatura. Sobremesas frias continuam sendo servidas nessa época do ano e poucas pessoas são as que deixam de apreciar a comida japonesa.
Portanto, vinho tinto e inverno não é uma regra! Se você não renuncia a um bom vinho branco, mesmo nos dias mais frios, basta apenas fazer boas escolhas para que a sua experiência seja surpreendente e deliciosa!
Mais delicados e frescos, vinhos brancos são indicados para se servir abaixo da temperatura ambiente (de 8 ºC a 14 ºC, dependendo do corpo e intensidade), e é notável como se tornam mais agradáveis à medida que chegam a essa temperatura. A harmonização tem muitos elementos subjetivos. E no inverno o ponto central é a temperatura de serviço. Acontece que, por estarmos acostumados a beber vinhos brancos sempre muito gelados, a maioria dos apreciadores de vinho acabam por deixar os brancos de lado conforme o inverno avança, por não estarem acostumados a bebê-los um pouco mais quentes!
É interessante que no verão, nem todo vinho tinto precisa ser esquecido no calor ou na praia! Agora, é a vez dos brancos no inverno! E para nossa sorte, existe uma infinita variedade de uvas e terroirs, e certamente existe um branco capaz de esquentar até as noites mais frias.
No inverno as harmonizações podem ser surpreendentes: vinho branco amadeirado harmoniza super bem com carne de porco e polenta cremosa. Um bom Chardonnay encorpado harmoniza deliciosamente com uma sopa de cebolas cremosa. Os vinhos brancos têm componentes, texturas e aromas que nos dão muitas possibilidades para harmonizar pratos de inverno. Tábua de frios ou queijos combinarão muito bem o frescor e acidez típicos desse estilo de vinho. Queijos cremosos ou embutidos gordurosos, como presunto cru, vão encontrar na acidez dos brancos a contraposição ideal. Sopas e caldos de moranga, cenoura ou ervilha são excelentes combinações por textura para a cremosidade de alguns brancos.
Vamos para as dicas:
• UVA CHARDONNAY - Diz-se da Chardonnay que é a casta com menos tipicidade, e uma das que mais adquirem as características do terroir, do processo de vinificação e do estágio em carvalho. É fato que cada canto do mundo produz um completamente diferente do outro, porém, se existe uma casta indicada para o inverno, é ela. Os brancos da Chardonnay mais envelhecidos em carvalho trazem mais corpo e concentração, que são ótimos para o inverno.
Basicamente, a barrica aporta aromas e sabores de baunilha, manteiga, um toque lácteo, mas o vinho não deixará de ter acidez e frescor. Também não perderá fruta. Logo, nos bons vinhos, todos os elementos estão em equilíbrio.
Esse tipo de vinho acompanha muito bem pratos como ravióli, vegetais tostados e raízes, ou mesmo um frango assado com legumes no próprio molho. Receitas orientais apimentadas e condimentadas também harmonizam bem com este vinho.
♦ Na Califórnia - A Chardonnay é a branca mais popular do estado norte-americano (praticamente toda vinícola tem ao menos um rótulo feito com a uva). Quanto mais fria a região, melhores os resultados obtidos nos vinhos, mas uma coisa é unânime: a marca registrada dos californianos é a passagem por carvalho (muito carvalho e agora com tendência a serem caramelizados...). São vinhos que prezam pelas frutas tropicais, sobretudo abacaxis maduros, notas de tostado e baunilha, além de bom corpo – alguns extrapolam o amanteigado e se parecem mesmo com um denso e espesso xarope, ideal para noites frias.
♦ Na Argentina - Assim como na Califórnia, é também a branca mais comum em todo território Argentino, e a mais exportada também. A maioria deles é simples e chega ao Brasil com preços amigáveis. São extremamente parecidos com os Chardonnays da Califórnia – carregados de frutas e de marcas da barrica -, e até se fala que tentam imitá-los. São igualmente indicados para os dias mais frios do ano. Quanto mais quente a região, mais álcool terá, o que significa que os mendocinos, além de encorpados, aquecem a boca com alto grau alcoólico.
♦ Na Borgonha - Uma das duas brancas autorizadas na Borgonha, ao lado da Aligoté, a Chardonnay é a francesa escolhida para o inverno. Desde os mais simples, de Pouilly-Fussé, passando por Chablis, até as melhores denominações para a casta (Chassagne-Montrachet, Puligny-Montrachet e Meursault) são boas indicações, mas costumam ser caras. Os barris de carvalho estão lá, mas não transferem sabores ao vinho, dão estrutura e micro oxigenam a bebida de modo que desenvolva sua complexidade de forma mais natural. Com menos presença de frutas, são marcados pelo caráter mineral e acidez alta, sem falar que são encorpados. Ah, e não precisa nem resfriar tanto como os outros brancos, podem ser servidos entre 12 e 14 ºC.
• UVA CHENIN BLANC - África do Sul, Argentina, Estados Unidos, França ou Nova Zelândia? A Chenin está se dando muito bem nestes países. Seus aromas e sabores de frutas brancas – principalmente maçã e pera -, marmelo, nozes, mel e cevada são a combinação ideal para dias frios. Cria vinhos untuosos, o que garante vária oportunidades de harmonizações de inverno (pensou em fondue?).
♦ No Loire - Tranquilos ou espumantes, secos ou doces. A Chenin Blanc fez jus ao seu berço – o Vale do Loire. É a principal branca da região, onde também é conhecida como Pineau de la Loire, e as melhores denominações são Savennières (dizem vir de lá os melhores Chenin Blancs do mundo) e Vouvray (com clima mais fresco do Loire). Intensos em aromas e sabores, são conhecidos pela intensidade de sabores e aromas e pelo bom corpo. São minerais, tem boa acidez e conseguem envelhecer por décadas.
• UVA SEMILLON - Quando jovens, os vinhos da casta podem ter aromas de lençol de algodão. Uma das uvas brancas mais cultivadas em Bordeaux, onde é normalmente usada em cortes com Sauvignon Blanc, também se beneficia do clima da Austrália, África do Sul, Chile, Argentina e Califórnia. E tem mais, é suscetível à podridão nobre (sendo uma uva utilizada na produção de Sauternes!). Sozinha, ela apresenta corpo amplo e textura untuosa, e, assim como a Viognier, vai ser interessante com tábuas de queijos pelas correspondências aromáticas.
♦ Na África do Sul - Com acidez relativamente baixa, os sul-africanos feitos a partir de Semillon não trazem o frescor dos outros brancos. E isso é algo que só os deixam ainda mais perto dos dias frios quando somado ao fato de serem encorpados. Quando secos, têm delicados aromas cítricos e notas de mel (que aumenta com o passar dos anos.) Os vinhos da Semillon podem suportar cinco anos de guarda com facilidade, adquirindo uma ótima complexidade!
• UVA RIESLING - Essa uva origina vinhos brancos saborosos e intensamente aromáticos, e que são a escolha perfeita para o inverno porque combinam bem com pratos mais densos e ‘gordurosos’. Pratos orientais que levam carne de porco, por exemplo, podem acompanhar muito bem com vinhos da Riesling, assim como pratos mais delicados, como as vieiras.
• UVA VIOGNIER - A uva tem acidez moderada, corpo mais volumoso e tendência a desenvolver mais álcool. Oferece textura de cera, dá excelente volume de boca, com aromas de damasco, floral e gengibre. Um prato de inverno que pode harmonizar com Viognier é a polenta com molho de frango. Melhor usar galinha caipira, pois tem potência de sabor pronunciada. O uso de especiarias e ervas na polenta farão correspondência com as características da bebida e vão deixar o preparo mais aromático.
• UVA ENCRUZADO - O berço dessa uva é o Dão, em Portugal. A tendência é que esse estilo apresente bastante álcool e estrutura. Muitas vezes é fermentada em barrica e chega a dar a percepção até de tanino nesses vinhos, tendo em vista sua alta complexidade e longevidade. Como vinho branco, tende a envelhecer bem. Combina com proteína mais marcante, como a carne de porco com batatas. Outras opções podem ser ensopados com embutidos suínos. Um molho de mostarda e mel funciona igualmente bem, pois contrapõe o vinho com um preparo mais agridoce e macio.
• FORTFICADOS - O processo de fortificar um vinho implica diretamente em aumentar o teor alcoólico dele (normalmente com destilado de uva). Podem ser servidos a baixas temperaturas mesmo, pois, neste caso, é o álcool presente neles que vai esquentá-lo neste inverno.
♦ Vinho do Porto - Mais conhecido pelas versões tintas, os vinhos do Porto também fazem brancos de destaque. Feitos principalmente com as uvas Godelo, Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho, são normalmente usados para se fazer drinks com limão ou até mesmo refrigerante, porém os melhores, envelhecidos em carvalho, têm notas de castanhas, além de tudo o que precisa para se aquecer com estilo!
♦ Jerez - Com versões que variam de secas a adocicadas, o Jerez Oloroso é o mais indicado para o inverno. Com complexidade ímpar, o fortificado espanhol tem grau alcoólico entre 16 e 17%, e, apostamos, vai deixar qualquer dia frio mais alegre. Da cor âmbar, exalam perfume de nozes e outras castanhas. Além disso, são encorpados e podem (ou não) ter toques adocicados.
O artigo é um convite a provar os aromas e sabores dos Vinhos Brancos no inverno! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).
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