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  • Foto do escritorVinotícias - Marcio Oliveira

ERROS GARRAFAIS SOBRE VINHOS – PARTE 3


Para a última semana do ano guardamos a terceira parte do nosso artigo sobre erros garrafais sobre vinhos, esperamos ter ajudado alguns leitores!

Erro nº 14: Compro todos os acessórios para vinho que existem!

Ótimo. Essas caixas que parecem cheias de instrumentos cirúrgicos são muito bonitas, o típico presente de Natal quando seu círculo percebe seu gosto crescente por vinhos. Mas nem todo o conteúdo é estritamente necessário. Há duas coisas básicas, que considero fundamental para quem lida com vinho: um bom saca-rolhas e um decanter para os vinhos maduros, apesar de que se a grana tiver curta, podemos usar de uma outra dica: verta o vinho devagarinho numa jarra para que a borra não se mistura com a bebida. Outra dica, para quem ainda não tem um decanter, mas quer aerar um vinho jovem e potente: Abra a garrafa e retire uma taça de vinho. O líquido vai descer do gargalo para o bojo da garrafa e ganhar mais área de oxigenação, criando uma melhoria da aeração. Depois disso... um termômetro? Pode até fazer parte da magia do vinho, mas não é essencial."

Erro nº 15: Só bebo vinho tinto (ou branco), independentemente da refeição

Existem devotos do vinho tinto que não gostam da leveza do branco; existem também aqueles que não bebem outra coisa a não ser um branco bem fresco (muito apreciado nos dias e noites quentes deste nosso verão tropical). Combinar uma refeição com o melhor vinho não só é algo que nossas papilas gustativas agradecem, como melhora a comida e o vinho. Basicamente, os brancos sempre ficam melhor com peixes, mariscos e entradas mais leves porque não têm tanino, são mais ácidos, mais frescos, mais fáceis de beber...; e os tintos se adaptam muito bem às carnes porque uma harmonização que sempre funciona é a de tanino com proteína. Aqui nunca falhamos. É uma norma provavelmente bem geral, mas sempre funciona para a maioria das harmonizações.

Erro nº 16: Acredito que quanto maior for a graduação alcoólica melhor é o vinho!

Os vinhos considerados “modernos” têm uma graduação alcoólica maior, chegando aos 14,5 graus ou mais (enquanto uma graduação entre 12° a 13° no tinto, e um pouco menor no branco, por volta de 11° era o padrão na década de 80 ou 90). Mas isso nada tem a ver com a qualidade. Nos últimos anos os vinhos mais procurados são os de maior concentração, com mais tanino, mais amadeirados... e para consegui-lo é preciso forçar um pouco o limite no momento da maturação, e isso aumenta a graduação alcoólica. Hoje em dia, existem dois estilos: os mais clássicos, com menor graduação alcoólica, mais elegantes, com um pouco mais de acidez; e os mais modernos, mais concentrados, com mais estrutura, maior graduação alcoólica... O bom desse mundo é que existem vinhos para satisfazer os gostos de todas as pessoas.

Erro nº 17: Guardo o vinho que sobrou da semana passada para beber

Não fique preocupado: mesmo que o tenha guardado na geladeira, é melhor utilizá-lo na preparação de um molho. Existe aqui um princípio básico e essencial: quando uma garrafa é aberta entra oxigênio e começa o processo de oxidação. Em perfeitas condições e se for guardado com a mesma rolha, pode aguentar por volta de dois dias. Existe uma opção ainda melhor do que a própria rolha, que são as tampas de extração de ar, que podem manter a garrafa em boas condições de quatro a cinco dias. Isso é fantástico porque cada vez que beber pode criar vácuo no interior da garrafa, bombear o ar de dentro da garrafa, e deixá-la novamente em boas condições de ser bebido posteriormente.

Erro nº 18: Conservo o que sobrar à temperatura ambiente

Algumas vezes abrimos uma garrafa e não a bebemos inteira. Se pensamos em consumi-la em um ou dois dias, é melhor guardarmos a garrafa na geladeira, pois ficará melhor conservada. Melhor ainda se taparmos a garrafa com uma rolha de “wine-saver” que cria vácuo dentro da garrafa. Mas precisamos nos lembrar de retirá-la a tempo para que não esteja gelada quando formos servir o vinho novamente. De qualquer forma, mesmo que as temperaturas sejam importantes, é melhor pecar pelo frio do que pelo calor. Uma vez na taça a bebida irá esquentar, mas se o vinho for servido muito quente as percepções do álcool são sempre muito mais altas e é um pouco desagradável.

Erro nº 19: Posso guardar por 20 anos uma garrafa na despensa

Neste caso, vale a pena se perguntar se esta garrafa é uma obra de arte como um quadro para perdurar? Além disto, é importante perguntar se você o conserva em ótimas condições? Uma despensa afetada por mudanças de temperatura ou próxima a um aquecedor fará com que você tenha uma desilusão quando essa garrafa for aberta. O problema da decrepitude dos vinhos é a conservação. Se uma garrafa enfrenta constantes oscilações de temperatura, 40 graus no verão, -5 no inverno, no final o vinho irá estragar, porque é um ser vivo, mas que está engarrafado, como o “gênio da lâmpada de Aladim”. A forma como ele despertará depende da forma como você o tratar enquanto estiver dormindo !

Há ainda uma coisa importante a ser levada em conta. Há décadas atrás haviam vinhos que precisavam de 20 ou mais anos para expressar melhor suas qualidades, como era o caso de um belo Barolo, ou um Bordeaux por exemplo. Entretanto, face ao alto custo de manter-se um estoque destes, alguns produtores criaram estilos modernos destes mesmos vinhos, que ficam prontos para beber com 5 a 6 anos de safra, e neste caso, guardar o vinho por mais tempo que o necessário, mesmo que em boas condições de conservação, poderá te surpreender na hora que for provar o vinho na taça.

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