Arqueólogos especializados sobre vinhos dizem que a origem das variedades de uvas na região espanhola remonta aos anos de 3000 a.C. Mas, seguramente, foram os povos fenícios que, por volta de 1100 a.C., começaram na província de Cádiz a cultura das vinhas, que depois foi desenvolvida pelos cartagineses.
Como todas as regiões da Europa, os romanos foram os responsáveis pelo desenvolvimento da produção e comercialização dos vinhos. Nos séculos seguintes, os povos que dominaram esta região, deram continuidade. Na dominação dos mulçumanos, o vinho era usado como remédio. Com a retomada da região pelos cristãos, o vinho voltou a ser consumido como bebida.
Do século XI ao XVIII a produção de vinhos na Espanha estava concentrada na cidade medieval de La Guardia, no Reino de Navarra. Em 1865, a Filoxera atacou os vinhedos da França. Os franceses decidiram então arrancar todos os vinhedos, e plantar “cavalos” de videiras americanas com os enxertos das suas principais castas de uvas. Como iria levar um tempo para voltar a produzir, os produtores de Bordeaux decidiram investir em vinhedos na Espanha, onde a Filoxera não havia ainda chegado.
Levaram consigo toda a tecnologia e, principalmente, os recursos financeiros, e de certa forma a Espanha foi beneficiada, pois muitos dos vinicultores franceses migraram para algumas de suas regiões, como Pirineus, La Rioja, Navarra e Catalunha, levando consigo variedades de uvas e tecnologia a ser implantada na produção espanhola, que então se consolidaria. Na Rioja, por exemplo, a cidade escolhida para o desenvolvimento da produção do vinho foi Haro, e no fim do século XIX, toda a região floresceu. Haro foi a primeira cidade da Espanha a ter eletricidade, antes mesmo de Madri e Barcelona. A economia cresceu e circulava tanto dinheiro na época, que o governo espanhol abriu uma agência do Banco de Espanha, na cidade de Haro.
Alguns anos depois, com os vinhedos na região de Bordeaux voltando a produzir, os franceses abandonaram Rioja. Em 1899, a Filoxera finalmente chegou em Rioja. 70% dos vinhedos foram perdidos. Os espanhóis, no entanto, já estavam preparados. Como precaução, haviam feito uma grande reserva de vinhos, que os ajudou a se manter enquanto recuperavam os vinhedos. Mas a Espanha acabou sofrendo alguns problemas em sua produção, entre eles, a Guerra Civil Espanhola e também a Segunda Guerra Mundial.
Na segunda metade do século XX, o vinho espanhol conheceu um novo progresso. Desde a década de 1990 a indústria vinícola espanhola, tem passado por profundas transformações. O processo de modernização não se limitou apenas aos vinhedos, incluindo também a regulamentação do setor, o que fez com que o país se tornasse o berço de alguns dos melhores vinhos do mundo.
Hoje a Espanha detém a maior área de vinhedos do mundo e é o terceiro maior produtor, ocupando maior parte da Península Ibérica. E o mundo dos vinhos espanhóis nunca foi tão cativante como agora, pois as ofertas de rótulos do país continuam melhorando e se destacando. Regiões como Ribera del Duero, Rioja, Bierzo e Priorat se destacam nas recentes safras e degustações de vinhos de toda a Espanha. Outras partes do país, como o Levante (sudeste da Espanha), Málaga, Ilhas Canárias e Galiza no noroeste, também mostraram sua força e potencial.
Uma das tendências mais importantes que estão acontecendo agora é o afastamento dos vinhos tintos altamente extraídos, encorpados e muito marcados pela madeira. Os produtores de vinho em toda a Espanha estão mudando para tintos mais frescos, leves e elegantes, mesmo em áreas conhecidas pelo estilo de vinho tradicional.
Por exemplo, na região de Priorat, na Catalunha, vários vinhos mostram mais elegância e rapidez para estarem prontos e serem bebidos. Rioja também mostra elegância, enquanto em todos os cantos da Espanha, o mantra do “primeiro frescor” está criando valor.
Em suma, mais do que nunca, agora é o momento certo para desfrutar desta generosa evolução do vinho da Espanha.
Cinco coisas que você não sabia sobre Tempranillo
Cultivado na Península Ibérica desde 1100 a.C., Tempranillo não é apenas a espinha dorsal de muitos vinhos tintos notáveis da Espanha, mas uma das uvas mais famosas do país. Seu nome vem da palavra espanhola temprano, que significa cedo, o que é adequado, porque essa uva geralmente amadurece antes de outras. Normalmente de corpo médio a pleno e estruturados por taninos firmes, essas garrafas geralmente envelhecem bem. Com sabores que podem variar de frutado a herbáceo, há um Tempranillo para todos os amantes de vinho.
Não há dúvida, Tempranillo é a uva de vinho da Espanha. De Rioja a Navarra e de Ribera del Duero a Toro, La Mancha e Penedès, é a uva que define o vinho tinto espanhol. Por conta de sua adaptabilidade a outras regiões e climas, o Tempranillo também pode ser encontrado em países como Portugal, Argentina e Estados Unidos, entre outros.
No dia 8 de novembro passado, o mundo celebrou o Dia Internacional do Tempranillo e, à luz dessa convocação global, oferecemos cinco coisas que todo amante de vinhos deve saber (mas talvez não saiba) sobre essa sensacional uva espanhola.
♦ É muito, muito velho. Tempranillo é nativo da Península Ibérica e remonta a antes da época de Cristo. É cultivada na Espanha desde que os fenícios se estabeleceram em 1100 a.C.
♦ É uma uva de amadurecimento precoce. Tempranillo é derivado da palavra temprano, que em espanhol significa "cedo". Entre as variedades tintas da Espanha, é considerado uma uva que amadurece antes das outras tintas.
♦ Tem muitos apelidos. Tempranillo tem cerca de 74 sinonímias diferentes em todo o mundo, dependendo de onde é cultivado. Chama-se Tinto Fino na Ribera del Duero, Tinta de Toro em Toro, Ull de Llebre na Catalunha, Cencibel em La Mancha e Tinto Roriz em Portugal no Douro e Aragones no Alentejo, só para citar alguns dos seus nomes.
♦ É um varietal muito clonado. Existem cerca de 500 clones de Tempranillo somente na Espanha. Tinto Fino e Tinta de Toro são os mais conhecidos.
♦ Tem um mutante branco. Embora raro, o albino Tempranillo existe em Rioja. É uma uva para vinho branco aprovada nesta região e produz um vinho cítrico, relativamente simples, semelhante a Viognier em peso, sabor e estilo geral.
Se você ainda não tem maior relacionamento com os vinhos da Espanha, está mais que na hora de prová-los !!! Saúde !!!
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