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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“O SAL E A PIMENTA-DO-REINO NO TEMPERO DO VINHO”

Nesta quinta feira (10/12) tivemos o lançamento mundial do rótulo “OBLIQUA” da Ventisquero. Um evento virtual, muito bem planejado, em que cada um dos convidados recebeu uma caixa contendo o vinho que seria degustado junto a seus criadores Felipe Toso e Sergio Hormazabal, respectivamente enólogo chefe e o viticultor-chefe da vinícola.

Não há dúvida que a Carmenere, uva “emblema” do Chile tem neste rótulo um dos seus melhores vinhos! No Vale de Apalta, na VI região do Chile e sob a sombra de um carvalho milenar e único na espécie Nothofagus Obliqua, nasceu este Carménère concentrado, de alta qualidade, com uma coloração profunda e estrutura e uma alta acidez, característica nem sempre presente nesta cepa.


O vinhedo foi plantado em 2001, sem porta-enxerto, numa colina com inclinação de 32%, garantindo boa exposição solar, a 485 metros de altitude. Esta parcela está rodeada por dois pequenos vales e tem um solo muito diferente dos demais, avermelhado de argila profunda, com alta quantidade de rochas e pedras de origem coluvial, que representa metade da composição total, com uma profundidade de 2metros, em que tudo se mescla com areia e granito, forçando as raízes das videiras a descer até as profundezas da terra.


Obliqua, cujo nome também vem do latim, “linha ascendente“, nasce no topo da parcela 23, em um terroir de aproximadamente um hectare, nas montanhas de “La Roblería” em Apalta. Local onde se produz pouca fruta, mas muito concentradas, as uvas de Obliqua são protegidas pelas colinas e montanhas ao redor da parcela 23. Essas mesmas montanhas protegem os frutos do calor do verão na área central e dão-lhe a sombra necessária para que não precisem de irrigação, exceto uma ou duas vezes por estação.


Isto tudo criou um vinho muito elegante, com notas de frutas escuras silvestres e um toque de madeira em seu sabor. Felipe Tosso, enólogo-chefe da Viña Ventisquero, descreve o vinho com excelente estrutura e cor, resultado de um produto rico em tensão e de uma acidez equilibrada, características de um Carménère nascido nas alturas.


A criação deste vinho nasce de uma vontade da Viña Ventisquero de mostrar ao mundo que a Carménère, que com sua cor vermelha profunda e seus taninos presentes, é uma representação fiel do que é o país. Para esta primeira safra de Obliqua, 2017, as uvas foram colhidas manualmente em caixa de 10 quilos em meados de abril, numa safra considerada quente e de baixa produção. Foi uma colheita muito particular de baixo rendimento (cerca de 5 toneladas/ha) que, juntamente com um envelhecimento de 22 meses de barril e um ano de armazenamento de garrafas resultaram em um Carménère de excelente maturação, muita estrutura e alta qualidade.


Ao estudar a ficha técnica do vinho vi que o corte do Obliqua é 94% Carménère, 4% de Cabernet Sauvignon e 2% de Petit Verdot, que lembra de certa forma um corte bordalês. Não pude deixar de perguntar então, qual seria a função do Cabernet Sauvignon e do Petiti Verdot neste vinho? E a resposta de Felipe Toso foi realmente interessante: numa gastronomia de qualidade nunca se pode deixar de colocar uma pitada de sal (Cabernet) e outra de pimenta-do-reino (petit-verdot). As duas cepas tem a função de complementar de forma surpreendente o vinho.


Uma das surpresas deste belo vinho é que não encontrei nenhum traço vegetal, herbáceo, de nota de mentol ou de pirazina, que por vezes é comum em outros Carménères chilenos. O vinho já pode ser bebido (sugerindo-se uma decantação prévia), mas mostra ter um alto potencial de guarda.


O Oblíqua é importado para o Brasil pela Cantu Importadora, e tem preço sugerido de venda de R$ 449,00. Um verdadeiro presente para este Final de Ano. Saúde!!!

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